quarta-feira, 13 de julho de 2011

Experiências e práticas reflexivas...









O símbolo da reciclagem: este é o símbolo perfeito para a conclusão da disciplina de Planejamento Educacional em Artes Visuais. Um símbolo completo, com setas que mostram a ideia de um círculo que está sempre em movimento, indo e vindo, concluindo e recomeçando.


Penso que a prática pedagógica deva estar baseada neste símbolo, pois devemos nos reavaliar a todo momento, rever nossas práticas, reestruturar as formas de dar aulas...
A experiência de trabalhar com arte foi ótima. Pude perceber que os alunos compreendem muito mais dom que esperamos. Não podemos subestimar os alunos só porque são pequenos.
Com a turma de quinta série que apliquei meu planejamento em artes pude perceber que a compreensão deles era muito maior do que esperava, pois estabeleceram relações temáticas entre as obras muito interessantes. Atrevo-me a dizer que maduras para a idade deles.
O que mais marcou, no entanto, foi o prazer que percebi ao propor a atividade prática. Era possível sentir a felicidade que tinham e produzir algo, em ter a oportunidade de criar algo novo. Penso que esta “criação”, aliada com os momentos de fruição e apreciação estética contribuirão para a formação do aluno como um todo, cumprindo assim, o objetivo primordial da arte educação: a contribuição para a formação da personalidade do indivíduo.

Guernica & Ilha das Flores



Justificativa do trabalho:
Meu planejamento foi baseado no pedido da professora da turma. Ela estava realizando um projeto sobre Picasso e pediu que falasse com os alunos sobre Guernica. Como achei que seria muito mais produtivo falar sobre outras obras de Picasso e também sobre alguns aspectos de sua vida, fui adiante. Contudo pensei em relacionar obras mais antigas, por assim dizer, com uma arte mais “contemporânea”, com uma linguagem diferente: um curta metragem do porte de Ilha das Flores. Minha intenção foi trazer a denúncia e crítica social em obras de arte diferentes para mostrar que a arte não é só beleza ou apreciação, mas um instrumento de comunicação e de crítica.

Objetivos:
• Apresentar imagens que representem denúncias sociais;
• Realizar a leitura estética de obras de Pablo Picasso;
• Reconhecer o cinema como arte visual;
• Estabelecer relações entre a tela Guernica e o documentário Ilha das Flores;
• Representar uma imagem utilizando formas geométricas.

Desenvolvimento:
1.° dia – 28 de junho, dois períodos
Apresentação do documentário “Ilha das Flores”.
Exploração do conteúdo do filme: “Qual a temática do filme?” “Que tipo de linguagem é utilizada para a apresentação dos personagens?” “Este documentário faz algum tipo de crítica? Qual?”
Após a exploração, solicitar aos alunos que produzam flores utilizando quadrados e retângulos cortados em papel colorido. Dentro desta flor, descrever com uma palavra que tipo de crítica social está sendo feita no documentário.
Concluídos os trabalhos, os alunos irão montar um painel com as flores montadas.

2.° dia – 05 de junho, dois períodos
Serão expostas as seguintes imagens de Pablo Picasso:
1. A bebedora de absinto – 1901
2. A vida – 1903
3. O moço do cachimbo – 1905
4. A família de saltimbancos – 1905
5. Les Demoiselles d'Avignon1907
6. Dora Maar com Gato 1941
7. Guernica 1937

Organizando as obras em uma linha do tempo e explicando a vida de Picasso, a turma irá visualizar as distintas fases da obra do artista. Também será explorada a principal característica das obras: o cubismo.
Explicado isso, os alunos irão desconstruir uma gravura de revista – que a professora disponibilizará aos alunos – e eles deverão recortar em pequenos quadradinhos e retângulos e reconstituí-la formando uma nova imagem. Esta imagem terá características semelhantes ao cubismo.


3.° dia – 8 de junho, um período de 45 minutos
Expondo novamente uma imagem da obra “Guernica”, os alunos irão realizar uma apreciação estética da obra, devendo observar linhas, cores, formas e a temática da obra. Feito isso, a professora explicará sobre a temática da obra e o objetivo de Picasso ao criar Guernica.
Feito isso, os alunos deverão estabelecer uma relação entre “Ilha das Flores” e “Guernica” sendo estimulados pela professora a refletir sobre a principal característica das obras de arte modernas e contemporâneas: o compromisso em realizar uma denúncia social.
Finalizar a aula com a exposição dos trabalhos e a frase de Picasso:
“A pintura não é feita para decorar moradias. É um instrumento defensivo e ofensivo contra nossos inimigos.”

Observação



1. Identificação do nível de ensino e características gerais da turma:

Minha observação foi realizada numa 6.ª série do ensino fundamental, na cidade de Porto Alegre, na zona urbana da cidade. A escola é pequena, possui 180 alunos, sendo que atende oito turmas ao todo. Pela manhã, as turmas são de quinta a oitava série e as aulas de arte ocorrem apenas com as duas primeiras séries. Além disso, a escola não possui biblioteca funcionando e também não há serviço de Supervisão Escolar, que examina alguns aspectos pedagógicos é o diretor da escola, formado em Educação Física.
A turma, com 30 alunos, tem em sua maioria meninos, que demonstram gostar de fazer trabalhos de arte. São agitados, mas quando estão trabalhando parecem acalmarem-se.


2. Aspectos relativos à formação e atuação do/a professor/a (sem citar nome):

A professora não tem formação em arte e atua na área para complementar sua carga horária na escola. Formada em história, ela procura estruturar seu planejamento voltado para a história da arte e relaciona suas aulas de história com a produção artística do povo que está estudando em história.
Percebi que ela se empenha em buscar materiais diversificados para as aulas, mas não tem noção de apreciação estética ou quaisquer outros conceitos que deva trabalhar em aulas de arte.


3. Caracterização do espaço de trabalho e recursos disponíveis:

Os alunos trabalham na sala de aula em que tem as outras aulas. A turma tem um período de arte por semana, contudo a professora trabalha com eles um pouco mais porque juntas as aulas de arte com as de história para render mais.
Na sala de aula não há imagens de arte, apenas alguns cartazes com trabalhos de outras disciplinas.
O material utilizado nas aulas é da professora. Ela compra muitos livros e argumenta que a escola já está há quatro anos sem uma funcionária ara a biblioteca e que os livros de arte que chegam à escola ficam guardados nas caixas e vão para o espaço onde deveria funcionar a biblioteca.
Também há, na escola um laboratório de informática que a professora utilizou numa das aulas para contextualizar o trabalho.


4. Observação da situação de ensino-aprendizagem:
A turma, pelo fato de estar tendo suas aulas de arte interligadas com as aulas de história, está estudando a arte egípcia. Assisti a duas aulas, sendo uma delas teórica e a outra o início da prática. A primeira aula, a turma foi ao laboratório de informática e pesquisou imagens sobre as pinturas feitas nas paredes dos templos egípcios. Cada dupla deveria pesquisar uma imagem e apresentar aos colegas. Conforme os alunos iam apresentando a professora ia explicando sobre a cultura e a sociedade egípcia. Para concluir a aula a professora mostrou uma fotografia ampliada das pirâmides de Gizé e explicou a função social das pirâmides para o povo egípcio.
Na segunda aula, na semana seguinte, a professora propôs que os alunos construíssem uma maquete representando as pirâmides e deixou para uso dos alunos argila, placas de isopor, areia e afins para que fizessem o trabalho. Deixou-os livres e fixou na parede da sala a foto ampliada da aula anterior.
Como esta aula foi articulada de forma a complementar uma aula de história, pareceu-me que os alunos compreenderam os conceitos e a importância da arte para aquela sociedade naquela época. Senti falta de uma apreciação mais profunda das pinturas egípcias como arte, não tanto como história. Percebi técnica e profundidade na apresentação do conteúdo e vi que os alunos participaram da aula com entusiasmo.

Cultura visual

Considerações...


Cultura visual – Considerações

Após examinar os principais textos da área, tornou-se possível afirmar, tentando identificar os direcionamentos sugeridos para o ensino das Artes Visuais na contemporaneidade, que suas principais características são: a) buscar, disponibilizar e familiarizar imagens de diferentes fontes e matrizes culturais; b) promover visitações a acervos, patrimônios diversos e eventos culturais; c) ampliar a compreensão visual em relação ao cotidiano próximo e distante; d) atuar como mediador de saberes artísticos, estéticos e imagéticos valorizados pela cultura tradicional, saberes que foram silenciados e saberes que podem ser problematizados para questionar preconceitos e estereótipos; e) amenizar os obstáculos que atravancam o acesso e a familiarização cultural; f) analisar as imagens para pôr dúvidas nas certezas, herdadas do passado, e realçar a permanente necessidade de mudanças voltadas para novas conquistas no presente.

Uma dedução possível, após identificar tais características, é que estamos vivendo uma época de intensa proliferação do visual na qual se desenvolve, paulatina e continuamente, um processo de rechaçamento da “identidade como eu” e uma valorização da “identidade como nós”. Considero que o homo clausus, cunhado por Norbert Elias como uma invenção da modernidade, esteja, aos poucos, sendo questionado, e é provável, caso essas propostas venham a ser efetivadas, que, no lugar de um sujeito individualista, desponte um outro sujeito, mais aberto para, continuamente, questionar as interpretações sobre si, estranhando as noções familiares e os julgamentos sobre o outro, tentando tornar familiar o que parece ser estranho.

A cultura visual, como o termo sugere, entende que as interpretações visuais têm uma cultura, as quais afetam tanto o processo de produção como o de recepção. As imagens são construídas a partir de um repertório cultural, forjado no passado, e que, no presente, fixam e disseminam modos de compreender historicamente construídos.

http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=50
Acesso em 23.05.2011, 23h14’

Uma ideia... uma aula?

Pensei em fazer esta aula...
Aquando a apliquei percebi que os alunos gostaram, mas não consegui fazer tudo em apenas uma aula, foi quase um mês de trabalho. Uma experiência enriquecedora!





Proposta artística contemporânea
Utilização de materiais não convencionais para a construção de uma obra de arte.

Motivos da escolha desta proposta
- Fazer com que os alunos percebam que a arte instituída não é apenas a clássica, que encontramos em museus ou instalações;
- Mostrar que uma obra de arte pode ser feita em quaisquer lugares e com os mais variados materiais;
- Contextualizar a arte com a realidade e com o cotidiano;
- Proporcionar um momento de reflexão sobre a arte e de criação artística.

Desenvolvimento da proposta
- Observação do documentário “Lixo extraordinário” que fala sobre a experiência do artista plástico Vick Muniz.
- Análise estética da capa do DVD, que apresenta uma releitura da obra “Morte de Marat”, incluindo a questão da obra ser feita com materiais encontrado em lixões.
- Pesquisa sobre as obras de Muniz.
- Coleta de materiais recicláveis que posam transformar-se em arte.
- Confecção de uma releitura coletiva da obra escolhida pela turma – pode ser algo que já tenha sido estudado pelos alunos.
- Organização de exposição sobre a obra produzida pelos alunos.

O que o aluno irá aprender
“A arte se pode descrever como conhecimento, mas é conhecimento de gênero peculiar e específico. A arte é conhecimento, ou seja, ela propicia ao sujeito apropriar-se esteticamente de um objeto, dar significado a ele.”
Este trecho, retirado do livro “Desenho e construção de conhecimento na criança”, de Analice Pillar, explicita a motivação de escolha desta proposta de atividade.
Todo o diálogo que será estabelecido entre o aluno, a obra de Muniz e o lixo é para demostrar a importância de conseguir observar significado e beleza nas coisas mais inusitada e inesperadas – o lixo, por exemplo.
No momento em que o aluno estiver direcionando seu olhar a elementos que não observava antes estará tornando sua compreensão estética mais apurada e terá capacidade de compreender melhor a arte contemporânea, que por muitos é considerada loucura ou insanidade. Somente quando o aluno conseguir atribuir significado a arte produzida nos dias de hoje é que deixará de considerar uma obra clássica arte e uma obra contemporânea algo sem sentido. Por isso a importância de construir algo significativo com os alunos, mostrando que outros artistas famosos também fazem arte com coisa que são consideradas lixo, e que isto é arte verdadeiramente.